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À conversa com Rui Pêgo



Rui M. Pêgo, apresentador de ‘Curto-Circuito’ na SIC Radical e filho de dois nomes bem sonantes do meio audiovisual português é o entrevistado desta semana do ‘Novelas Nacionais’. O jovem apresentador que tem mostrado trabalho no canal de Cabo e que já fez algumas participações na SIC generalista mostra-se contente com o seu passado e presente, estando certo do que quer para o seu futuro. Mas vamos ver o que o filho de Júlia Pinheiro e Rui Pêgo nos revelou.

Quem era o Rui Pêgo antes do ‘CC Casting’?

Uma pessoa triste, sem objectivos e cuja única alegria diária era ver videos no youtube sobre pandas.

Falando mais a sério e não na terceira pessoa, era muito parecido, talvez ligeiramente mais ingénuo e distraído. Para além de pandas posso afiançar que existiam morsas nos vídeos.

O Rui Pêgo de hoje é diferente do Rui Pêgo de ‘ontem’? Com isto, estamos a querer perguntar-te se algo na tua personalidade mudou…

Já não mordo pessoas com tanta frequência. Acho que sou o mesmo, mas com o bónus (ou ónus) de me levar ainda menos a sério.

Antes do ‘Curto Circuito’ fizeste algum tipo de formação, ou o que vemos é tudo do que tu foste aprendendo?

Em televisão nunca cheguei a fazer nada. A única coisa que fiz foi um módulo de Introdução ao Jornalismo no CENJOR. Foi uma espécie de workshop e incidia mais sobre a imprensa escrita. Portanto tudo o que vêem é fruto do trabalho que tenho vindo a desenvolver no ar e também numa colectividade em Celourico da Beira onde leccionei merengue durante uma temporada.

Foi fácil tomar a decisão de ir ao ‘CC Casting’ com uma mãe já famosa e numa televisão concorrente?

Foi fácil no sentido em que eu sabia que era uma oportunidade imperdível. Eu tinha a certeza que caso não enviasse a minha ficha de inscrição contorcer-me-ia em casa durante todo o tempo que durasse o casting e ia pensar sempre que: “Aquela pessoa podia ser eu”. E esse “se” ardia-me tanto que todas as minhas condicionantes deixaram de ter importância. O facto de os meus pais terem carreiras na área, o facto do meu avô ter trabalhado no Iraque e de ter um cão chamado ben-u-ron foram coisas que me fizeram pensar, mas a única verdadeira opção era tentar a minha sorte. Tinha de ser ali e tinha de ser naquele momento.

Como foi para ti ganhares o ‘CC Casting’?

Foi uma experiência surreal. Depois de ouvir “alterado” sigur rós e ver babyTV ao mesmo tempo percebi que havia pontos de comparação.

Foi uma experiência estranha. Lutei muito por aquilo. Imaginei 50,000 vezes, o momento em que ouviria o meu nome. E aconteceu. Foi brutal. Eu quando fico muito nervoso, rio-me. Há quem diga que eu já sabia mas não é verdade, nem poderia adivinhar. E por isso ri-me e abanei-me antes de saber. Chamem-lhe adrenalina, no fundo pensava que o Gonçalo ganharia. Nem me lembro do que disse no momento em que me tornei apresentador do programa. Se me disseres que disse a receita de um cozido à portuguesa, acredito piamente, tal era a névoa.

Achas que ainda há gente que acha que só ganhaste o ‘CC Casting’ por seres filho da Júlia Pinheiro?

Sim e esse estigma permanecerá. Vão olhar-me de lado e dizer que fiquei com o melhor croissant na pastelaria da minha rua. O que é natural. Já houve muita trafulhice e quando se vive num país assim é mais do que compreensível que sejam tiradas ilacções desse género. Muitos casos mal explicados. Muitas cunhas. Não é o meu caso. Isso só me chateia porque impede que algumas pessoas olhem o meu trabalho com distância e façam uma leitura imparcial. Isso mancha. Mas vou tentando todos os dias dar o melhor que tenho para poder reverter um pouco essa tendência. No entanto, faço-o de forma descomplexada, isso não controla a minha vida.

Pedes-lhe conselhos ou não? Achas que um dia conseguirás chegar ao patamar onde ela chegou?

Claro que conversamos mas é uma relação distanciada, a minha mãe não gosta de mim.

Dá-me algumas dicas e ajuda-me como é óbvio, mas os caminhos são paralelos, não se cruzam. Acho que é difícil chegar ao patamar dela, a minha mãe é extraordinária. Por várias razões. Mas a principal é por fazer os melhores bifes do mundo.

Como viste a saída da Joana Azevedo da apresentação do programa?

Com pena. Porque ninguém conseguirá dizer “crica” na televisão da mesma maneira e safar-se com isso. A Joana é muito especial. É maluca e apresentar com ela fez-me muito bem. Mas em parte era uma tortura. O humor dela é muito ácido e nonsense e eu adoro isso. Tinha de me controlar para não parar de estar ali no papel de apresentador e transformar-me em público. Espero cruzar-me com ela novamente. Como diz o Luís Costa Ribas : a Joana é edgy.

Sentes que tens evoluído enquanto apresentador?

Acho que sim. Ganhei o casting em Setembro de 2008. Já passou quase um ano e meio. Sinto-me muito mais à vontade, muito mais em casa e acho que isso se nota.

Ainda me falta andar muito e não tenho pressa. Um dia de cada vez.

Apesar de seres filho de uma pessoa conhecida como a Júlia Pinheiro, a tua exposição ao público, agora, como apresentador do ‘Curto Circuito’, aumentou significativamente. O que mudou? Essa parte foi ‘dolorosa’ para ti?

É completamente diferente. Eu sempre tive uma espécie de semi-notoriedade. As pessoas na rua não sabiam quem eu era, mas nos círculos onde eu me movimentava toda a gente sabia. Logo, sempre soube lidar com isso e achei que o ampliar da escala não me iria fazer confusão.

Fez e continua a fazer. É estranho sentires-te observado. Principalmente desde que fiz coisas para a generalista. É engraçado mas estranho. Não gosto muito que olhem para mim por estranho que possa parecer. Há uma certa distância que eu gosto de conservar (para isso não uso desodorizante) mas não é dramático, estou melhor preparado para essa exposição do que a maior parte das pessoas que entra neste meio. Tenho muita sorte.

Contactar com o público no ‘SIC ao Vivo’, sem esquecer que era um programa em directo, que talvez exigisse muito mais que o ‘Curto Circuito’, foi uma experiência da qual retiraste ensinamentos? Como descreves esta passagem pela generalista?

A passagem pela generalista começou com um especial que apresentei com a Rita Ferro Rodrigues chamado “Dia dos Heróis”. Foi a minha verdadeira primeira incursão, na qual estive oito horas em directo nos bastidores. E surpreendi-me comigo mesmo. Era um registo muito daytime e muito de emoções e eu acho que sou um parvo, por isso foi estranho sentir que conseguia fazer aquilo.

O “Sic ao Vivo” foi uma espécie de curso intensivo. As condições eram adversas. Acho que não é totalmente perceptível em casa, mas os programas de exteriores e com público são muito mais confusos, cheios de imprevistos e por isso, ao sair de um ambiente fechado onde estou mais exposto do que noutros formatos mas ainda assim quentinho, para uma espécie de selva da comunicação foi chocante. Foi frustrante por vezes porque era muita coisa ao mesmo tempo. As comunicações falhavam, os câmaras corriam de um lado para o outro mas aprendi a valorizar muito mais os outros.

E a maneira de comunicar é totalmente diferente. Há mil coisas que eu não posso dizer e exercer esse controlo consciente também foi um desafio. Mas confesso que quando voltei ao CC e aos festivais de verão gostei muito de me sentir em casa.

A passagem foi feliz e espero que continue a acontecer. Foi curta. Pode ser que num futuro próximo seja mais longa. Veremos.

Como vês a entrada do teu colega, João Manzarra, para a generalista no programa “TGV – Todos Gostam do Verão” e agora no “Ídolos”?

Acho que é uma evolução cheia de mérito. O João é um caso raro de talento. Tem um sentido de humor muito característico e sabe exactamente o que dizer e a quem dizer. E depois tem aquele ar querido de quem só faz porcaria a toda a hora e isso suscita um enorme carinho por parte das pessoas. Acho que ele se diverte muito com aquilo que faz e sente-se grato. Encara o sucesso como se fosse um cheesecake gigante. Ele merece, eu respeito-o e admiro-o e acho que ele sabe.

Um dia, quando chegar ao fim a tua estadia no ‘Curto Circuito’, pensas continuar a ser apresentador ou tens outras coisas em vista?

Quero continuar a ser apresentador. No entanto, existem milhares de coisas que gostava de fazer. Sempre quis perceber como é trabalhar numa repartição de finanças. E na rádio. A representação e a música interessam-me muito também, mas tenho tempo para isso. A procissão ainda vai no adro.

A permanência na SIC é para continuar ou será que uma estação concorrente anda de olho em ti?

Há sempre alguém de olho em nós. Há sempre alguém a ver. Até hoje, não recebi nenhum convite, mas sinceramente, estou bem.

Estou muito contente e grato por poder trabalhar na SIC, é o melhor sítio para crescer. Tem pessoas que se preocupam contigo e é sempre bom saber que consegues atingir os teus sonhos. Eu levantava-me às 6h30 da manhã para ouvir o genérico do sítio onde hoje trabalho e hoje, ainda o faço! Por isso se algum dia chegar a esse ponto, o de equacionar uma transferência, vou pensar mesmo muito bem. Não é algo que me preocupe ou alicie. E os genéricos dos outros são uma seca.

Que conselhos dás a quem quer concorrer a um próximo ‘CC Casting’?

O conselho que dou é para tentarem analisar isto de forma pragmática. Isto é apenas um trabalho. Por mais voltas que tentemos dar à questão a verdade é esta. Tem muita visibilidade, tem muito folclore à volta mas um programa de televisão é só isso, um programa. Por isso caso concorram deixem a tensão e o nervosismo em casa e apostem naquilo que vos define e caracteriza. Se há sítio onde podem ter uma opinião e uma voz é ali. A diferença deve ser celebrada e nós celebramo-la todos os dias. O Xavier é resultado disso. Ninguém com tantas incapacidades poderia trabalhar em televisão, mas nós abraçamos isso com amor.

Daqui a dez anos vou estar a…

Fazer o mesmo que tenho vindo a fazer até aqui, lutar pelo que quero na vida acompanhado pelas pessoas de quem gosto!

Viver é…

Entregar tudo ao presente

Sonhar…

É bom.

No futuro quero ser...

Pai.

A minha família representa…

Quentinho.

A palavra que me descreve...

Redondo.

João Marques e Tiago Varzim

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